sábado, 15 de novembro de 2014
Da esquerda para direita. Em pé: Tutano, Valdir, Laelson, Zé Antônio, Paulo, Pitinga, Zé Humberto, Gil, Chico.
Agachados: Zé Baixinho, Joel, Lote, Gilvando, Erivaldo, Tita, Madureira e Zé Augusto.
Imagem: Madureira


“Quem é o campeão dos campeões, que no gramado mantém sua glória, é a Desportiva Confiança, dos operários tem o nome a vitória”. Esse é um trecho do hino de uma equipe que conquistou milhares de fãs em todo Estado de Sergipe. Seus feitos fizeram com que, uma geração apaixonada pelo esporte, pudesse centrar seus olhares para o futebol de nossa terra, buscando uma maior e necessária valorização.

Foi com esse pensamento de valorização do esporte local, e amor ao time da capital sergipana, que jovens (acometidos pelo calor provocado pela chama do Dragão proletário e encobertos pelo manto azul e branco), fundaram no dia 03 de Julho de 1977, Associação Desportiva Confiança de Futebol Amador, na cidade de Lagarto. O Dragão da Rua da Caridade, como era popularmente e orgulhosamente conhecido.


Joel, Miro e Zé Antônio (Zé Bambá)
Os seus fundadores, carregavam no sangue, em sua maioria, a maravilhosa semelhança em serem torcedores azulinos. Assim, a homogeneidade e amizade entre os membros, possibilitaram ascensão e durabilidade para a agremiação. No início, a pretensão de: Gil, Zé Antônio (Zé bambá), Humberto e João Xisto, Pedro Dantas, Madureira, Antônio Dias, Sací, Val de Fassero, Valdomiro (Miro ex-vereador), Rivaldo Dias (Badú), Gilvando Góis e Tita. Era tão somente, através de um time com formação Society, promover encontros entre amigos aos finais de semana.

No entanto, naquele mesmo ano a prefeitura de Lagarto realizava uma competição na modalidade. Foi o estopim para que a equipe desbrava-se seu percurso de vitórias em campo e façanhas fora dele. Logo na primeira competição, o inesperado aconteceu, a recém nascida, já dava seus primeiros e seguros passos, ao alcançar êxito vencendo o campeonato, e assim, se colocando como a mais nova realidade no cenário futebolístico municipal.

Com o título, os amigos resolveram ampliar o leque de participantes, logo, mudaram de categoria e em 1978, o time deixava seu projeto inicial, para engajar-se nos moldes do futebol tradicional. Com a pelota nos pés, era hora de buscar novos horizontes e novas descobertas.

Contudo, no princípio uma dificuldade atormentava a equipe: a ausência de um campo próprio. Como os malabaristas do futebol poderiam se apresentar sem o picadeiro? A solução foi buscar espaço nos tradicionais lugares de memória do amadorismo: o Poeirão e o Tiro de Guerra. O templo maior do esporte lagartense (o Barretão), também foi utilizado nessa incansável luta para promover um espetáculo a céu aberto.

Em pé: Pedrinho, Pereira, Carlos Vitamina, Si, Jailton, Gregório, Bereu, Dequinha e Tutano.
Agachados: Duda, Ivon, Papinho, Nininho, Arnaldo, Zé Carlos, Elsinho e Moraes.
Imagem: Carlos Vitamina
Nas partidas realizadas fora do centro da cidade, o deslocamento era realizado através de um caminhão PAU DE ARARA, o proprietário era Seu Teté, o qual foi lembrado por Zé Bambá como: “um dos maiores baluartes da equipe, muitas foram as viagens, que seu Teté, reduziu o valor do frete, apenas no intuito de contribuir com a equipe”.

Seguindo o mesmo pensamento, outros se somaram a essa navegação. Carmelita e Pedro Santana receberam a alcunha de serem os presidentes da agremiação, cada um a seu modo, buscaram colaborar nessa ferrenha e árdua jornada esportiva. No entanto, as maiores contribuições partiram dos próprios atletas que, “rachavam” as despesas necessárias, para manutenção da equipe. Sem dúvida, são ações exemplares como as mencionadas, que o futebol de Várzea rompe as dificuldades e se mantém vivo entre as comunidades interioranas.

Madureira
No intuito de propagação de amizades, outras cidades sergipanas receberam a caravana do Confiança, principalmente Arauá e Riachão do Dantas. No entanto, engana-se quem pensar que o “Dragão da Rua da Caridade” não rompeu os limites territoriais do Estado. Alagoas e Bahia, também se tornaram caminhos rotineiros para nossos heróis de chuteiras e calções.

Em mais 30 anos de prática esportiva, o Confiança galgou seu espaço na sociedade lagartense para se manter vivo e sempre atuante, algumas honrosas atitudes foram tomadas no cotidiano da equipoe, como a realização de partidas beneficentes em prol de famílias carentes.

Em 2009, o Confiança colocava pela última vez, o balão de couro na marca da cal. Chegava ao fim uma fervilhante e empolgante história. No entanto, as lembranças continuam como as chamas de um dragão, vivas e ardentes. Cada lance, cada partida, cada gol atribuido a Zé Baixinho (maior Artilheiro da equipe), é lembrado como se fosse no último final de semana.

Todas as memórias são resgatadas nos encontros realizados em um ambiente comercial (bar do Joel), localizado próximo ao mercado municipal. Ali, na “caverna do dragão”, atletas de outrora se reúnem, e viajam no tempo para reviverem esses fascinantes capítulos de uma novela real. Infelizmente a pouco, uma lacuna foi aberta entre a constelação. A dor ainda persiste ao lembrarem do passamento de um dos maiores responsáveis pela revelação de atletas: o técnico e entusiasta TUTANO.

Gil da prefeitura
Eles calçaram suas chuteiras, viveram sua época da melhor e mais ativa maneira possível. Alguns chegaram a vestir camisas de times profissionais, à exemplo de Tia, Miro e Marquinhos (o último campeão sergipano pelo A.C. Lagartense em 1998). Outros lograram êxito em carreiras distintas, muitos deles encontramos no cotidiano simples da nossa cidade, homens que lutam pela sobrevivência no afago de suas famílias, no ritmo de seus trabalhos.

Esse texto poderia ser uma epopeia a altura da grandiosidade esportiva do Confiança e dos seus atletas: Zé Bambá, Gil, João, Sandoval, Madureira, Kekê, Tita, Sací, João da Farmácia, Beto, Tia, Gregório, Marquinhos, Carlos Vitamina, Si e tantos outros que contribuíram para essa jornada de vitórias. Porém, não sou provido do dom e do profissionalismo da escrita. Logo, deixo apenas o meu esboço e a minha gratidão por vocês terem engrandecido a alma e a história do amadorismo lagartense.

Em pé: Tutano, Leominho, Sandro, Marquinhos, Si, Zeinha, Ermínio e Quequê.
Agachados: Arnaldo, (a saber), (a saber), Joel Manoel, Gilvando, Elsinho e Tita.
Imagem: Si

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