sexta-feira, 14 de março de 2014

Há exatos 43 anos Lagarto amanhecia em festa, tudo por conta de algumas inaugurações que seriam realizadas no berço de Silvio Romero. Era um dia de domingo, 14/03/1971, o então governador Dr. João Andrade Garcêz se dirigia a cidade para de uma só vez inaugurar a Rodovia Salgado-Lagarto, o Parque Agroindustrial Nicolau Almeida e a maior praça de esporte da região Centro-sul de Sergipe, o Estádio Paulo Barreto de Menezes, “O BARRETÃO”.

A obra do BARRETÃO teve seu início com o governador Dr. Lourival Batista, tendo como engenheiro e futuro governador Paulo Barreto de Menezes, o qual deu início à obra, e nome de batismo ao estádio. A partida que fez rolar a bola pela primeira vez foi realizada entre os donos da casa LAGARTO ESPORTE CLUBE e a equipe da ASSOCIAÇÃO OLÍMPICA DE ITABAIANA.

Em uma partida movimentada os papa-jacas venceram os ceboleiros pelo placar de 1 a 0, gol de Duda aos 5min do primeiro tempo. Estava enfim inaugurado nosso maior palco e de maneira majestosa com a vitória alviverde frente a seu maior rival. O LEC (Lagarto Esporte Clube) foi a campo com: Cigano, Sinval, Israel, Messias e Lua (Cigano), Carlos, Nado, Belo, Piranha, Duda e Dácio (Zé Luiz).

Já se foram mais de 4 décadas, o Paulo Barreto para época visto como moderno está a muito necessitando de uma urgente reforma. Um cenário que já foi palco de partidas memoráveis a exemplo da conquista de 1998, onde as arquibancadas não comportavam o emaranhado de torcedores esmeraldinos, que tomavam todas as suas dependências. Também necessitamos lembrar a sua primeira participação em uma competição a nível Nacional, contra o Fluminense de Carlos Alberto Parreira e Túlio Maravilha, espetáculo assistido por mais de 5 mil pessoas.

Equipe lagartense em 1971. Em pé: Nado, Sinval, Israel, Cigano, Carlos e Zé Paulo. Agachados: Belo, Duda, Piranha, Dequinha e Dácio. Imagem: Paulo de Bel (in memoriam).

As lembranças de outrora que nos remetem a euforia, hoje surgem com “Tons de Cinzas” e de tristeza ao olharmos para situação atual. O estádio não permite uma boa prática de esporte, suas arquibancadas rachadas e com vergalhões a mostra inibem o torcedor. As Cabines para imprensa não oferecem a mínima condição de trabalho, os refletores são uma novela sem final feliz, mais parecem candeeiros em noite sem luar. O gramado, ou melhor, o capim cheio de buracos agride a boa prática esportiva. Tanto que não poderemos ver nossa equipe mandar seu jogo pela copa do Brasil, precisando subir a Serra para realização da partida frente ao Santa Cruz.

Promessas de melhoramento são feitas a cada início de temporada. Só promessas! Nada muda. Enquanto alguns palcos em cidades vizinhas são feitos reparos e reformas, a nossa praça de esporte não tem a atenção devida das autoridades competentes, e assim vamos seguindo “caminhando contra o vento”.

Grandes públicos no Barretão.

E para sacramentar essa triste realidade vivida pelos desportistas lagartenses, a equipe alviverde ainda junta os cacos (e olhe que são muitos) da última rodada do certame, onde o grupo sofreu a sua maior derrota da história em seus domínios. Um presente de grego, ou melhor, do Sergipe aos papa-jacas. O resultado causou um desconforto geral, levando o treinador Léo Goiano, que fazia sua estreia, a abandonar o barco. Contando com Zuza, que nem chegou a cidade, Léo já foi o quarto técnico a assumir o comando no certame estadual, logo o fantasma da zona tenebrosa da degola começa a rondar o “BARRETÃO”.  O que é preciso fazer para mudar essa realidade?

Essa pergunta foi uma reflexão levada a público pelo colunista do jornal Gazeta de Sergipe, Manuel Corbal em 13/03/1971, ou seja, um dia antes da inauguração. Ele assim se expressou: “É chegado o momento da união dos esportistas lagartenses em torno de seu representante no futebol sergipano, visando a sua afirmação dentro deste futebol onde a bem da verdade, o Lagarto E. C. ainda não convenceu, como força e expressão, que pretende e bem poderia ser”.

Os anos se passaram e essa mensagem continua infelizmente muito atual, é preciso repensar nossas arcaicas atitudes e começarmos a pensar como indivíduos de uma cidade desenvolvida onde as querelas partidárias devem dar espaço para uma forma de solucionar problemas simples, a começar pela estrutura do “BARRETÃO” e depois pela consolidação de um projeto vencedor. Assim, em outras oportunidades poderemos comemorar a festa do nosso time  em nosso maior palco esportivo.

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