sábado, 14 de maio de 2016


Por: Maria Paula*  

A carta, o telégrafo, o telefone, a internet, o celular e o smartphone: a evolução dos meios de comunicação denota uma relação entre o desenvolvimento tecnológico e o comportamento humano. Logo, na sociedade contemporânea - marcada pela velocidade do fluxo de informações e pela intersecção cultural e pedagógica -, a necessidade de interações interpessoais frequentes estimulou a criação de meios virtuais de transmissão instantânea a nível global: as redes sociais.

Justamente por apresentarem benefícios como o compartilhamento de ideias e momentos, o contato com pessoas de todo o planeta, o suporte à tendência autorreferente (representada especialmente pelas famosas selfies), além de serem ferramentas de marketing eficientes, abrangentes e de baixo custo, as mídias digitais e redes sociais superaram as mídias tradicionais, cuja popularização do acesso foi muito mais lenta, como o rádio e a TV.

Se por um lado, veículos como Facebook, Twitter e WhatsApp proporcionaram o dinamismo e a democratização das opiniões, também ocasionaram o surgimento de uma nova zona de conforto na esfera social, cujo caráter se assemelha àquela formada logo após a Revolução Industrial, na qual os indivíduos passaram a se apoiar na praticidade trazida pela tecnologia, que, de forma gradativa, veio a substituir a mão de obra assalariada diretamente empregada no processo de produção.

Dessa forma, sua utilização excessiva faz com que o usuário se torne vítima da essência expositiva da publicação de fotos e informações pessoais corroborada por ele mesmo, que conscientemente ou não, abre mão de uma pressuposta segurança para ser alvo em potencial de cyberbullying, racismo, terrorismo e até mesmo de comentários intolerantes e fanáticos. Ademais, pesquisas apontam que a dependência do uso das redes sociais motiva a perda da habilidade social em situações presenciais, tais como reuniões e entrevistas de emprego.

Em suma, a composição antagônica do novo paradigma de comunicação virtual o caracteriza como um típico anti-herói, que apesar de individualista, não possui essência completamente má, já que desperta simpatia. Uma vez que os prejuízos à saúde e à segurança são originados do uso, o estabelecimento de limites quanto à interferência crescente de qualquer mídia, inclusive as digitais, na vida das pessoas não se trata de uma responsabilidade exclusivamente individual, mas coletiva, pois uma rede não é tecida somente por fios, mas a partir de conexões.


Maria Paula de Oliveira Antão, é aluna do 2º ano do Colégio José Augusto Vieira.

1 comentários:

Anônimo disse...

Um dia eu escutei um padre sorridente dizendo que todos estamos sendo filmados, observados e monitorados. Agora a pouco muito longe, uns 15.000km de onde estou, uma curta cena fugaz e natural me fez lembrar do amigo. Eu estava em Rubtsovsk na Russia. A câmara cibernética que me viajava por lá registrou numa rua qualquer longe do centro 2 meninos de bicicleta que me fitaram. Aí está como que uma profecia daquele padre. Estes 2 meninos protagonistas nunca saberão desta história que acabo de registrar. Jamais saberão que suas imagens foram observadas em lugares que talvez nunca ouvirão falar em terras além de muitos mares. Passarão todas suas vidas sem saber que alguém de longe de um mundo totalmente desconhecido deteve perto deles, minuciou suas bicicletas, seus chinelos de dedo, suas roupas simples e pueris, seus biótipos louros daquele povo altaico e que por fim orou invocando forças transhumanas para que os conduzam em paz enquanto na terra viverem...:)