quarta-feira, 5 de março de 2014


Por José Uesele e Renato Araujo

As perdas sedimentam as conquistas futuras, pois o sabor das conquistas transfigura-se nas pessoas que aprendemos a amar, por estas, nos impulsionarem significativamente para vida. Esta passagem cabe tanto para o nosso homenageado em relação ao aprendizado no convívio com seus entes queridos, quanto para todos aqueles que semearam em seu interior a satisfação de fazer tudo com esmero e dedicação, assim como o mesmo.

Doutor, historiador, professor, escritor e poeta lagartense. Membro do Movimento Antônio Garcia Filho (ASL), Membro fundador da Academia Lagartense de Letras e Sócio efetivo do IHGSE e amante da cultura. Essas são apenas algumas de suas conquistas ao longo de 40 anos de vida. Porém, neste dia queremos dispensar a grife universitária, gostaríamos apenas de lembrar do homem e amigo Claudefranklin Monteiro.

Mas que uma homenagem, nossas palavras se direcionam e se confundem com um misto de admiração e agradecimento. Muitos são aqueles que por não conhecerem determinas pessoas, criam imagens às vezes destorcidas e confusas. Não conseguem se vestir do princípio da alteridade (se colocar no lugar do outro) e assim perpetuam em suas mentes opiniões equivocadas.

Certamente ao vê-lo caminhar pelas ruas da movimentada Lagarto, poucos conseguem dentro de seus inconscientes, notar quem realmente é o ser humano Claudefranklin. Filho de Maria Claudemira (Dona Mira) e José Monteiro (in memoriam). Perdeu seu patriarca ainda muito cedo, lugar que foi suprido com afeto por seu irmão, o saudoso Claúdio Monteiro, que se tornou “esteio de vida e ensinamentos” para seus irmãos, logo o menino Claudefranklin o adotaria como eterno padrinho e conselheiro de seus passos “ singrados e sagrados (e também chorados...).

Em sua infância e adolescência, a venda de picolés e a entrega de pães de queijo pelas lanchonetes da cidade foram suas primeiras quebra de barreiras, haja vista, pertencer a uma tradicional família. O que não o diminuiu em nada pelo contrário, possibilitou conhecer o lado difícil de tantas crianças humildes de nossa comunidade.

Hoje ao chegar aos 40 anos de idade, pode ser considerado um homem realizado, casado com a professora e esteio de sua vida Patrícia Monteiro, a quem ele devota seus dias, e declara seu amor “Meu porto seguro, meu afago, meu delírio, meu riso, meu juízo, companheira de todas as horas...”. Pai de Pedro Franklin, sua maior conquista e alegria. Um homem de personalidade forte, de ímpeto acalorado, mas ao mesmo tempo maleável com os que estão a sua volta, descortinando um novo cenário a cada amanhecer. “Cabeça de homem, mas o coração de menino”, um coração que foi abalado ao assistir à partida de seu segundo rebento (que homenagearia seu querido pai), e fortificado pelas conquistas diárias, “Entre versos & Insônias”.


Como educador, deixou sua marca por onde passou (Laudelino Freire, Luiz Alves de Oliveira, Polivalente, Frei Cristóvão, FJAV e UFS). Em sua sala de aula reina uma atmosfera de conhecimento e dedicação. Ficávamos fascinados (no Poli, pelos idos de 2001) diante daquele homem centrado e de sacadas geniais, viajámos pela história da humanidade e seus atores sociais repletos de vida e paradoxos. Foi com seus ensinamentos que aprendemos a sonhar e semear, a ter a esperança de dias melhores, a vislumbrar conquistas futuras. E como verdadeiras árvores plantadas em solo firme, compreendemos sua mensagem: ‘o conhecimento transforma’.

No campo minado da Universidade Federal de Sergipe, chegou de mansinho e marcou seu espaço, seu exemplo transformou-se em direcionamento para tantos lagartenses que chegam a UFS. Sua presença norteadora, nos fez seus eternos discípulos, fomos abraçados por sua mão amiga, os medos que atormentavam as nossas faces foram esquecidas através dos seus conselhos.

Na radiofonia sua perspicácia e maestria se fez brilhar na condução do programa Relicário Cultural (Juventude/FM) , trazendo para as manhãs do sábado lagartense com pautas instigantes e sempre antenadas com a realidade social local ao âmbito Brasil-mundo, com seu vasto entendimento na área cultural aliada a sua visão sempre atenta aos debates que circundavam o cenário artístico, conseguiu unir versatilidade e prática pedagógica para direcionar aos ouvintes um programa repleto de inovações, em meio a temas em diversas áreas do conhecimento. Para além disso, como grande empreiteiro cultural deu voz à jovens talentos (suas crias), dentre os quais estudantes esmerados no seu exemplo, ao longo desse percurso em que o Relicário já conquistara uma legião de ouvintes.

Homem, íntegro e verdadeiro, aprendeu com as perdas a superar e seguir com a cabeça erguida mirando o horizonte “enquanto o sol brilhar e o dia amanhecer”, soube driblar fracassos e apontar caminhos para uma geração de novos historiadores e educandos sedentos por transformar suas míseras realidades.

E nesse itinerário de aprendizados, o homem Claudefranklin se tornou um exímio educador e com sua peculiar ‘pedagogia da autonomia’ ensinou a pescar com as iscas certas, em locais exatos. Ensinou-nos a abrir portas para as conquistas futuras, e mais uma vez entendemos que cada ser humano tem um espaço sagrado e seu momento, que devem ser respeitados, pois as oportunidades estão aí, basta sabermos agarrá-las pela frente, sorrindo...ao nascer de um novo dia.

Hoje queremos apenas dizer o quanto somos gratos por sua presença e por sua existência. Em 40 anos de vida, muitos foram os episódios que lhe marcaram, muitos foram aqueles que fascinados e esmerados no seu exemplo conquistaram novos horizontes. Crescemos academicamente sob o seu crivo, e a cada lampejo, um aprendizado foi adquirido. Seu legado para nossas vidas será para sempre lembrado em tom de agradecimento e amizade.


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