quarta-feira, 11 de setembro de 2013

POR José Uesele O. Nascimento


Foi fundado em 2003 por jovens da comunidade do Alto da Boa Vista - Lagarto/Se, o grupo surgiu de uma ideia despretensiosa de evangelizar através da arte em eventos de cunho religioso, com o tempo a ‘brincadeira’ ganha força e feições de coisa séria, e logo aqueles jovens amigos que cresceram juntos estariam representando Lagarto em outras cidades de Sergipe.

O trabalho é desenvolvido com jovens da comunidade com intuito de tirá-los da ociosidade através da vivência comunitária despertando, assim, o sentido de pertencimento e a valorização da cultura local fazendo com que assumam sua identidade cultural.

O intuito maior desde seu início foi retratar de forma múltipla a cultura nordestina enfatizando a religiosidade típica do sertanejo e resgatar valores culturais esquecidos, num itinerário bem peculiar, de modo a reavivar nossas raízes identitárias e representativas, na representação do grupo percebemos elementos culturais, como: a banda de pífano tão presente nas procissões com suas rezas e louvações a São José através de cantigas que remetem as novenas de antigamente onde se ouvia o tradicional “ôh, de casa! ôh, de fora! Mariá vá vê quem é...”, também comum em reisados e leilões de promessas; a devoção Mariana e ao santo casamenteiro também é marca da fé do povo nordestino, transmitidas pelo mesmo através de um cortejo de rezas e cânticos seguindo um andor com as imagens de santos e acompanhado por estandarte devotamente decorado com as cores do sertão ; o poema aboiado , menção ao falar típico dos vaqueiros utilizado para chamar e tanger o gado, a procissão de penitentes - tradição religiosa do Medievo feitas em dias santos de penitência e expiação de pecados ; a dança típica dos sertanejos- num esforço de resgate dos forrobodós, dos pés-de-serras e das salas de reboco sob o som da sanfona e à chama do bico de gás; a presença das músicas ouvidas no radinho de pilha ou nas radiolas - que não era outra senão o forró do Rei do Baião; as “estórias’ contadas nesse interiorzão em tempos de quaresma ou nas feitas de fumo e farinhadas; as vestes de couro ao modo do homem do campo- no intento de se proteger do sol escaldante e dos espinhos do terreno seco; o comportamento humilde e esperto dos sertanejos; a linguagem enxuta e muitas vezes sem instrução e as cantigas populares tão comuns no passado dos nossos bisavós.


Buscando também, num trabalho de resistência ser a voz deste povo tão  sofrido e esquecido, criticar através da poesia e da prosa fácil, a ineficiência da justiça, os desmandos políticos e o descaso com a seca do sertão.

Essa verdadeira colcha de retalhos cultural é fruto do talento de lagartenses que amam e vivem sua terra ,são características peculiares à apresentação do Grupo Louvor Sertanejo ao longo destes 10 anos de história em homenagem à cultura nordestina , num esforço de resgatar tradições intrínsecas a nosso povo.

Ao longo desses anos o grupo vem se apresentando em procissões, novenas, quermesses, eventos religiosos e representando a cidade de Lagarto dentro e fora do estado. Tendo participado do Selo Unicef ( 2008) e ganhado reconhecimento através do Prêmio Mestre Gérson de Cultura na categoria Para-folclórico (2012). Traçando, assim, seu nome na memória cultural da cidade.

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