sábado, 6 de julho de 2013
Professora Vera (Foto: Arquivo Pessoal)
A arte de ensinar, longe de ser uma tarefa fácil, é antes de tudo uma autoavaliação em aprender. Quando se ensina, abre-se um leque de novas descobertas e realidades ao aprendiz. Assim, o educador deve ser um elo entre o aluno e o conhecimento. Alguns educadores, por estarem há muito em sala de aula, não se encontram motivados e consequentemente não conseguem acompanhar o ritmo e a modernidade presente no cotidiano dos estudantes.
Outros profissionais deixam as academias sem a preparação devida e se encontram em um cenário totalmente diferente do que imaginavam e almejavam, o que causa desistências e medos, proporcionando aos novos professores uma ausência constante de motivação. 

Porém, ainda existem na educação muitas fontes de inspirações, para os iniciantes e experientes professores que perderam a força de vontade para propagar a arte de educar. Um desses grandes exemplos na cidade de Lagarto pode ser encontrado nas aulas da jovem senhora, Vera Lúcia Morais.



Uma mulher simples e humana, poucos são aqueles que ao primeiro contato não se encantam ao vê-la transbordar em alegria quando se encontra diante de seus alunos. Uma profissional que já prestou seu serviço em outras áreas, todas de maneira responsável e dedicada: De escrituraria a funcionária de hospital, de coordenadora a professora.

Ao longo de mais de 30 anos de trabalho, tornou-se uma mulher versátil e inquieta, ao chegar a um estágio que poderia descansar das labutas que lhe foram designadas em sua jornada. Preferiu voltar à sala de aula, tendo feito o último concurso público do município, no qual foi aprovada em 2º lugar em sua região, para mais uma vez ostentar o papel de educadora (desta feita, em Educação Física).

Eclética, vibrante e amigável, assim é dona Vera, que na sua saga como professora, proporciona momentos de êxtase a seus alunos em um cenário propício e transformado por seu jeito particular de ensinar. Se a versatilidade lhe acompanha em sala de aula, fora dela o seu talento é capaz de superar grandes barreiras.

Pelos idos de 2004, começa seu envolvimento com a cultura popular. Das lições da professora Beatriz Góis Dantas, na UFS, ao estudar educação física no período de 1998 a 2003, tirava as primeiras e importantes lições. No entanto, foi presenciando a arte das Taieiras tão bem expressas nos vestuários, nos cantos e danças de sua mãe, Dona Nininha, falecida em 2007, que surgiu o gosto pelas manifestações folclóricas.

Desde então, sua vida tornou-se um seara de novas descobertas e ensinamentos. No afã de estimular a ampliação das manifestações culturais, mantém dois grupos que representam seu amor pela cultura feita pelo povo. As Taieiras e o Maculelê são os dois grupos que dona Vera corrobora juntamente com jovens da comunidade e das escolas por onde passou.

Seus grupos são conhecidos na esfera municipal e estadual, com apresentações em eventos (destaque para os anos de 2010 e 2011 na cidade de Tobias Barreto). Como todos os agentes culturais, sua arte não é valorizada como deveria, mas, seu amor supera as dificuldades e, com recursos próprios, ela produz as roupas e as ornamentações necessárias para as apresentações.

Seu talento não para suas ocupações só aumentam. Também em 2004, ao visitar a feira livre de Lagarto, se encantou com um trabalho realizado em garrafas pet por um senhor que fazia flores através dos materiais reciclados. Dona Vera pediu orientações a ele, aprendeu a arte e hoje pode ser considerada uma das grandes artesãs da cidade.


Visitá-la em sua residência é adentrar em um espaço de encantos, pois em cada canto e em cada móvel está presente o trabalho e a história de uma mulher aguerrida e vitoriosa. Suas palavras emocionadas em prol da cultura e da educação, afloram fascinantes episódios e causos do cotidiano lagartense.

Sem dúvida, a sua trajetória e as suas ações provam e enchem de esperança aqueles que ainda tateiam no espaço educacional, e suscitam relíquias que em outrora encantaram gerações na construção de uma identidade através da cultura popular.

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